OK, vamos tirar as coisas assustadoras do caminho logo de início, para que possa prestar atenção a este artigo sem se preocupar.

Para além de médica, eu também sou mulher e também sinto as preocupações e cuidados que todas as mulheres lidam com a mama. Em consulta, cuido diariamente da saúde da mama das minhas pacientes e tento esclarecer muitas das dúvidas que nos podem preocupar. Mas somos muito mais do que apenas exames de rastreio e controlo.

Mensalmente podemos ter alguns sintomas mamários, que normalmente estão relacionados com oscilações hormonais. E muitas vezes preocupamo-nos com algum nódulo ou dor mamária. Mas descansem, senhoras. Primeiro, as boas notícias: basicamente, a dor mamária cíclica generalizada nunca é causada por cancro de mama. Suspiro de alívio.

Em segundo lugar, notícias não tão boas: algumas dores na mama podem ser um sinal de alarme. Embora isso seja raro, pode acontecer, portanto, deve ficar atenta a sintomas como dor mamária associada a uma mama aumentada e de progressão rápida. A pele da mama pode apresentar-se mais quente e espessa, com aparência de casca de laranja, e se tiver qualquer sintoma repentino ou novo na mama, consulte o seu médico.

Os fatores de risco para cancro de mama

Embora felizmente a causa genética seja pouco frequente para o risco de cancro de mama, existem outros fatores como desequilíbrios hormonais ao longo da vida, especialmente do estrogénio, e vários fatores de estilo de vida, como a alimentação. Da mesma forma que comportamentos como o uso de álcool, o tabaco e uma dieta desequilibrada, podem aumentar o risco de cancro de mama, comportamentos preventivos – como uma dieta rica nos nutrientes certos e o reequilíbrio hormonal – podem diminuir esse risco.

A genética do cancro da mama

Menos de 15% das mulheres diagnosticadas com cancro da mama têm um membro da família com cancro, mas ainda existem componentes genéticos relevantes. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são os riscos genéticos mais comuns.

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Cerca de 85% dos cancros da mama ocorrem em mulheres sem histórico familiar, mas ocorrem devido a mutações genéticas que acontecem como resultado do processo de envelhecimento, dieta e estilo de vida em geral, ao invés de apenas mutações herdadas. O importante a observar é que menos de 10% das mulheres diagnosticadas com cancro da mama têm uma mutação BRCA e, com uma deteção precoce, a grande maioria desses casos podem ser tratados com sucesso.

Dominância estrogénica: um dos culpados

Há um fator de risco comum que todas as mulheres partilham em relação ao risco de cancro da mama: desequilíbrios do estrogénio. Uma prolongada exposição a níveis elevados de estrogénio, como a dominância estrogénica, demonstrou aumentar o risco de cancro da mama. O que quer isto dizer?

Reflete o quão bem (ou não) o corpo de uma mulher metaboliza e elimina o estrogénio. Quando os níveis de estrogénio ficam desequilibrados com os outros níveis hormonais – levando à dominância estrogénica – a mulher pode ter uma série de sintomas:

#Sinais e sintomas de elevados níveis de estrogénio em mulheres:
  • Aumento de peso, principalmente na anca, cintura e coxas.
  • Problemas menstruais, como sangramento leve ou intenso.
  • Sintomas pré-menstruais.
  • Mamas fibroquísticas.
  • Miomas uterinos.
  • Fadiga.
  • Perda do desejo sexual.
  • Depressão ou ansiedade.

Neste tipo de quadros, poderá ser importante saber como o seu corpo está a metabolizar o estrogénio, pelo que se pode pedir testes funcionais hormonais.

Havendo uma suspeita ou confirmação de dominância de estrogénio, quais são então as medidas que podemos tomar para prevenir esses altos níveis? E como podemos então ajudar o nosso corpo a recuperar o equilíbrio hormonal?

As principais dicas para uma mama saudável

PASSO 1: Prevenção

Uma alimentação limpa

Elimine da sua dieta todos os alimentos tóxicos, que contenham estrogénios ocultos, incluindo carnes processadas, laticínios e quaisquer produtos processados. Opte por alimentos orgânicos sempre que possível e isso irá evitar o acréscimo de hormonas, pesticidas e fertilizantes.

Use produtos corporais não tóxicos

Troque os produtos de higiene pessoal carregados de produtos químicos por versões mais seguras, livres e isentas de quaisquer compostos sintéticos. Opte por variedades naturais, enquanto gradualmente vai trocando os seus champôs, sabonetes, etc..

Livre-se do plástico

Substitua todos os seus recipientes de armazenamento de plástico e garrafas de água por variedades de vidro ou aço inoxidável.

Considere modulação hormonal bioidêntica

Caso já esteja na menopausa e a fazer terapêutica hormonal de substituição, converse com o seu médico sobre métodos alternativos que abordam as causas dos sintomas da menopausa.

A terapia hormonal bioidêntica é uma opção mais natural para quem necessita de alívio dos sintomas, baseando-se em hormonas extraídas de plantas, que agem exatamente como as hormonas que produzimos no nosso corpo.

O mesmo se aplica às mulheres que usam pílulas anticoncecionais orais para tratar sintomas como acne ou menstruações abundantes. Embora possam ajudar a aliviar os sintomas agora, a longo prazo as hormonas sintéticas dos anticoncecionais orais poderão levar ao domínio do estrogénio e a todos os riscos associados à saúde.

Alivie o stresse

Tome medidas para aliviar o stress, como ioga ou meditação. Certifique-se que dorme o suficiente à noite, para permitir que o corpo se desintoxique e se recupere do stress do dia. Estudos demonstram que atividades redutoras de stress diminuem o risco de dominância estrogénica.

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PASSO 2: Desintoxicação

Uma das melhores maneiras de limparmos o corpo do excesso de estrogénios, e de alcançarmos o equilíbrio hormonal adequado, é recorrermos a fórmulas com ingredientes naturais que auxiliam no metabolismo e desintoxicação ideal dos estrogénios em excesso.

Alguns desses ingredientes naturais:

  • Cálcio-D-Glucarato, que se liga ao estrogénio – que, de outra forma, seria reciclado e reabsorvido pelo corpo – e o elimina do nosso organismo.
  • Diindolimetano (DIM), para ajudar a metabolizar o estrogénio nos seus metabólitos bons, em vez dos maus.
  • N-acetil-L-cisteína (NAC), o cardo mariano e o ácido alfa-lipóico, que apoiam o nosso fígado a desintoxicar e eliminar os estrogénios em excesso.
  • Iodo: não é um nutriente glamoroso, mas dê-lhe a importância que ele merece. A maioria de nós é deficiente. Verifique os seus níveis e coma alimentos ricos em iodo, como algas marinhas. Este é crucial para a saúde da mama (e também para a sua tiróide).

E porque decidi escrever este artigo? Como médica que se foca na saúde da mulher e como estudiosa, procuro as mais recentes abordagens preventivas da saúde da mama. E também como uma mulher e ser humano que luta contra a "sopa tóxica" do mundo artificial em que vivemos.

Listen to the Ladies: ouça o que o seu corpo lhe diz

Ao abordar a saúde da mama, é importante lembrar que não existem duas pessoas exatamente iguais, e um acompanhamento personalizado poderá ajudá-la a priorizar a sua saúde geral e estratégias de prevenção do cancro de mama.

O nosso corpo pode também espelhar o que está a acontecer na nossa vida emocional. O que estará o seu corpo a tentar dizer-lhe? Não existe apenas um aspeto que previna o cancro de mama, mas uma deteção precoce, com ferramentas inovadoras de rastreio e diagnóstico, nutrição e estilo de vida, podem desempenhar um papel sinérgico na saúde da mama.

E qual o melhor antídoto para os problemas mamários? Conhecimento, Humor e Verdes!

Dra Andreia de Almeida é médica certificada em Medicina Funcional e Medicina Anti-Aging, com treino especializado em Modulação Hormonal e suplementação avançada. Conhecida pela sua abordagem empoderadora e focada na pessoa, através da sua prática clínica procura inspirar as pessoas a encontrarem o equilíbrio, bem-estar e felicidade interior. É a autora de Saúde para ELAS: o kit de sobrevivência para mulheres dos 20 aos 60+”, um livro dedicado à saúde feminina.

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