Vermos as mudanças que o tempo traz à pele e ao nosso corpo é natural, inevitável, mas lindo. É um marco da forma como vivemos a nossa vida. Uma espécie de diário onde estão registadas todas as opções que fomos tomando ao longo dos anos vividos. A verdade é que ninguém quer envelhecer, mas faz parte da nossa história.
Os sinais mais repentinos (ou, pelo menos, o que percebemos como repentinos) de envelhecimento costumam ser perturbadores e, na verdade, não envelhecemos todos da mesma maneira ou ao mesmo ritmo. Enquanto médica especialista em Medicina Funcional e Anti-Aging, diariamente as minhas pacientes colocam-me várias perguntas sobre o porquê do envelhecimento.
A verdade é que o processo de envelhecimento começa a desenvolver-se com o declínio das nossas hormonas. Os sintomas e sinais de envelhecimento da pele, cabelo, oscilações de peso, alterações do sono, perda de líbido, entre outros, são fruto das oscilações de várias hormonas, mas que podem ser facilmente otimizadas com alguns ajustes no estilo de vida, com suplementação e modulação hormonal.
Aqui deixo algumas das perguntas frequentes que muitas mulheres fazem em consulta e quais são os principais "culpados":
Por que fica a pele com rugas e flacidez?
Com o passar do tempo, as rugas parecem mais pronunciadas, por causa de um efeito contínuo de diminuição de estrogénio e menor produção de colagénio. A perda de colagénio torna a pele opaca e desgastada. Mesmo assim, com a modulação dos níveis de estrogénio e com mudanças de estilo de vida direcionadas (por exemplo, beber um café com colagénio), pode retardar essa perda.
Uma tiróide lenta também pode contribuir para o excesso de rugas. Vários micronutrientes (como o selénio, o magnésio, o zinco e o iodo) de que o nosso corpo necessita em pequenas quantidades para uma função fisiológica ideal, podem alterar o equilíbrio da tiróide. É boa ideia verificar com o seu médico para avaliar se tem alguma deficiência que possa estar a acelerar o envelhecimento ou a desequilibrar as suas hormonas.
Outros factores que devem ser controlados para diminuir o envelhecimento da pele:
- O stress. Sabemos que pode causar envelhecimento precoce e agudização de doenças de pele, como a acne ou a rosácea. Pesquisas mostram que o stress prolongado e intenso causa perda significativa de água transepidérmica, o que resultará em pele seca, enrugada e mais desgastada.
- Dormir mal: obter um sono reparador e de qualidade é uma das melhores medidas para cuidar da pele. Como o resto do corpo, a nossa pele regenera-se quando dormimos. Até mesmo perder algumas noites de bom descanso pode resultar em olhos fundos, pele amarelada, perda de firmeza e linhas finas mais proeminentes.
- Falta de movimento: movermos o nosso corpo com exercício físico é bom para a pele, já que melhora a circulação, equilibra os nossos níveis de cortisol e tem uma série de outros benefícios. Em relação à circulação: pode melhorar a tonificação, a textura, e ajudar a criar novas células de pele.
Porque é que a partir dos 40 anos o nosso corpo e a tonificação da pele mudam?
Com o declínio hormonal fisiológico, que começa a ocorrer a partir dos 35-40 anos, o nosso corpo começa a mudar. Mais gordura abdominal, menos massa muscular, tudo parece flácido ou inchado, e a luta contra o envelhecimento da Mãe Natureza parece não terminar. Com a chegada da menopausa, a perda de estrogénio torna a pele flácida e a diminuição de testosterona desacelera o nosso metabolismo, tornando cada vez mais difícil construir músculo e perder gordura.
Depois dos 50 anos, a baixa testosterona e os níveis crescentes de açúcar no sangue, e de insulina, causam ganho de peso e compulsão alimentar por açúcar. A resistência à insulina significa que as nossas células não podem absorver a glicose sanguínea extra que o nosso corpo continua a absorver a partir dos alimentos que ingerimos, e o nosso fígado converte a glicose em gordura.
Todos estes factores hormonais vão modificando a nossa aparência e a forma como nos vemos, e essa é a parte difícil do processo de envelhecer. Mas aqui entra a modulação hormonal que nos permite atrasar o processo.
Porque parece que mudamos com o envelhecimento?
O desequilíbrio hormonal que ocorre com o passar do tempo pode estar associado a outros sintomas muito comuns, que as mulheres vão passando sem aparente razão. Aqui fica uma breve explicação para cada um.
- Ganho de peso: um sinal de excesso de cortisol (a principal hormona do stress), a dominância de estrogénio em relação à progesterona, e a baixa função tiroideia, podem levar a depósitos de gordura em locais diferentes — cortisol na barriga, excesso de estrogénio nas coxas e gordura generalizada, relacionada com as hormonas tiroideias.
- Queda de cabelo: um sinal de que a tiróide pode estar desequilibrada, principalmente quando há queda de cabelo, pestanas e porção externa das sobrancelhas.
- Baixo desejo sexual: cerca de 70% da diminuição da líbido é hormonal e está relacionada com as oscilações entre testosterona, estrogénio, progesterona, tiróide e cortisol.
- Humor e ansiedade: quando o sistema de controlo das nossas hormonas está desligado, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, pode fazer-nos sentir mais ansiosos, deprimidos ou uma combinação dos dois. Quando os níveis hormonais estão em equilíbrio, nem muito altos nem muito baixos, sentimo-nos bem. Mas quando estão desequilibrados, podem tornar a nossa vida miserável, com uma série de sintomas, incluindo fadiga, dificuldade para dormir, ansiedade ou irritabilidade, e stress constante. Podemos sentir-nos letárgicas, irritadas, mal-humoradas, desvalorizadas, ansiosas e deprimidas. A mensagem que as mulheres recebem muitas vezes é que é normal sentirem-se assim, à medida que envelhecem. Mas a verdade é que não é normal. Podemos reequilibrar as hormonas e voltar a sentir-nos genuinamente bem e novamente felizes.
Qual o momento certo para avaliar as nossas hormonas?
Pensando de um ponto de vista funcional e preventivo, recomendo avaliarmos as nossas hormonas por volta dos 35-40 anos. Se precisa de ajuda para reequilibrar as suas hormonas, mas nunca fez um exame hormonal basal aos 40 anos, talvez seja o momento certo para perceber como o seu corpo está a envelhecer.
Temos que nos perguntar: o que mais podemos fazer na nossa vida para atrasar o envelhecimento que está a acontecer?
Há muitos conselhos por aí, destinados a "prevenir o envelhecimento", mas por vezes as coisas mais simples são as que verdadeiramente funcionam. Na realidade, todos nós estamos a envelhecer desde que nascemos. Em vez de temermos o processo, o envelhecimento deve ser encarado com o objetivo de mantermos o nosso bem-estar e longevidade em mente. E acontece que o caminho para chegar lá é relativamente simples.
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