Antes de avançarmos, gostava de partilhar convosco uma história que se passou comigo.
Há poucos anos, tive a oportunidade de frequentar um curso num respeitado Instituto de Londres sobre Nutrição & Cancro. Eram quatro dias intensivos, onde se ia abordar várias temáticas relacionadas com esta ligação tão próxima. No mês anterior ao curso, tive o cuidado de rever vários artigos científicos, estudos e publicações, para que a aprendizagem fosse mais útil. Na véspera do curso, achei que estava preparado e tinha uma boa bagagem no que respeita à melhor abordagem nutricional, e muitos detalhes sobre como a alimentação pode interferir na progressão e prognóstico da doença.
Depois dos intensos quatro dias de curso, fiquei preocupado. Percebi que, afinal, nada sabia sobre esta ligação e que há milhares de interações, ligações e cuidados a ter, para que o aconselhamento alimentar seja o mais adequado e, fundamentalmente, ajude de facto quem quer prevenir, ou quem quer melhorar a sua qualidade de vida e prognóstico quanto à evolução da doença oncológica. Estudei e estudo cada vez mais este mundo, para no dia-a-dia acrescentar valor à saúde das pessoas que me procuram.
Depois desta história de experiência pessoal, quero deixar muito claro que quem tem uma questão oncológica deve seguir sempre a opinião do médico oncologista (e da sua equipa de psicólogos, nutricionistas, terapeutas e outros profissionais de saúde, que estão muito por dentro do seu real caso clínico), e não se deixar convencer por dietas da moda, águas alcalinas ou outro tipo de milagre que achem que vai fazer a diferença. Há que ter total honestidade e seriedade na abordagem para que, acima de tudo, a esperança acrescida do conhecimento resulte de facto em evoluções positivas de saúde.
No que respeita à alimentação, área que adoro e me fascina, há de facto alguns alimentos, métodos de alimentação e ajustes alimentares que, segundo os estudos, acrescentam durabilidade e qualidade de vida àqueles que procuram o melhor para a sua saúde. Não basta ingerir chá verde para nos proteger de todas as doenças, não basta praticar o jejum intermitente durante uma temporada, não basta fazer suplementos de vitamina D na esperança que nos impeça da progressão do cancro. Há, sim, que ajustar hábitos, procedimentos e estratégias alimentares para cada pessoa, seguindo os seus gostos, praticidade, idade, análises sanguíneas, metabolismo, níveis de exercício e tantos outros fatores que, quando conjugados, resultam num plano alimentar que possa de facto acrescentar saúde e anos à sua vida.
Na óptica da prevenção, sabemos que muitas questões oncológicas resultam de um sistema imunológico debilitado, processos inflamatórios que se tornam descontrolados, ou até estímulos repetidos de alimentos que desencadeiam desequilíbrios orgânicos. Há, pois, que encontrar a melhor forma para manter uma estabilidade física e mental, que resulte no nosso completo bem-estar, alcançando a máxima saúde.
Assim, de nada acrescenta fazer um dia uma alimentação imaculada, recheada de alimentos anti-inflamatórios, quando no dia seguinte avançamos sem pensar para todo o tipo de tentações alimentares que muitas vezes escondem perigos de saúde, como sejam o excesso de açúcar, sal ou agentes pró-inflamatórios e potencialmente perigosos. Há, sim, que criar rotinas, rotinas boas, que acrescentem valor à nossa saúde, mas também que nos dêem prazer e permitam, uma vez por outra, “pecar” em tentações, mas que este desvio não ponha em causa a mais-valia do uso da curcuma, do chá verde e de tantos outros detalhes que, no conjunto, vão acrescentar anos à sua vida. Aconselhe-se com quem sabe, confie em quem o/a ajuda, e seja especializado nesta área.
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