Sabemos que a disponibilidade e a sazonalidade dos produtos alimentares que constituem a dieta mediterrânica é sem dúvida a sua base. Mas, mais do que isso, é também a forma como se conjugam alimentos e formas de os preparar, que apuram, valorizam e evidenciam todos os seus benefícios nutricionais capazes de ter um significativo impacto na saúde, como demonstram cada vez mais estudos científicos.

Mas a verdadeira magia da alimentação mediterrânica – e a explicação que faz com que continue a ser vivenciada e praticada por milhões de pessoas, resistindo a modas alimentares – é sem dúvida alguma a sua riqueza gastronómica, que passa de geração em geração, através de pratos e receitas que fazem perdurar todos os sabores, texturas e paladares saudáveis.

A distinção deste tipo de dieta a que chamamos mediterrânica assenta em diversos factores complementares, onde se destacam:

  • o consumo regular e abundante de produtos de origem vegetal;
  • produtos frescos, poucos processados, locais e sazonais;
  • uso do azeite como principal fonte de gordura alimentar;
  • consumo baixo a moderado de laticínios;
  • consumo frequente de pescado e reduzido de carnes vermelhas;
  • consumo abundante de água como bebida principal, deixando o consumo de vinho para ocasiões festivas,
  • uma culinária simples;
  • a prática de exercício físico;
  • e, também uma parte integrante da Cultura destes povos, o fazer refeições em família e amigos, promovendo o convívio entre pessoas e à mesa.
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De forma sucinta, são estes os princípios onde assentam os benefícios da alimentação mediterrânica, que é hoje considerada das mais saudáveis do mundo e capaz de promover a longevidade, por reduzir riscos para a saúde – cardiovasculares, metabólicos, oncológicos, diabetes e tantos outros – assegurando assim níveis de saúde sustentados. Claro que, com a globalização, mudança de hábitos e de consumos alimentares, este tipo de práticas alimentares tem vindo a ser gradualmente menos utilizado pelos portugueses e devemos, como sociedade, fomentar e retomar estes princípios alimentares.

Como sugestões para que o possamos fazer e incentivar este tipo de alimentação mediterrânica, procurar incluir pequenas regras nos seus hábitos e da sua família.

  • Comece a usar mais o azeite, em detrimento de outras gorduras alimentares, para temperar e cozinhar é uma excelente opção.
  • Procure incrementar o uso de ervas aromáticas e reduzir o consumo de sal.
  • As carnes vermelhas, inclua-as de forma ocasional e não faça delas a sua base alimentar.
  • Ao invés, invista mais em experimentar opções onde o feijão, o grão, as lentilhas e tantas outras opções possam começar a fazer parte do seu dia-a-dia alimentar.
  • Dê oportunidade também aos diferentes tipos de peixe.
  • Use os lácteos em ajuste à sua fase de vida. Importantes fontes de cálcio e proteína, devemos usá-los em equilíbrio e não em excesso.
  • Elimine refrigerantes e dê ênfase à água, infusões, chás, e guarde opções alcoólicas, como o vinho, apenas para eventos especiais.
  • Utilize frutas da época.
  • Mantenha uma atividade física regular e constante, e desfrute dos bons sabores da nossa gastronomia entre amigos e família.
  • Partilhe momentos e viva experiências alimentares onde os sabores são acentuados pelo prazer da boa companhia.

Faça destes princípios a sua nova forma de se alimentar e, claro, ajuste sempre as suas necessidades e objectivos específicos com a ajuda do seu nutricionista.

A sua saúde tem na alimentação mediterrânica a melhor das inspirações. Retome, reforce e partilhe estes bons ensinamentos, e promova a sua longevidade e qualidade de vida. Escolha alimentos que acrescentem vida aos seus anos, com a ajuda da alimentação mediterrânica!

Pedro Queiroz é o fundador das Clínicas de Nutrição do Porto e Lisboa e consultor de Nutrição. Mais do que ajudar pessoas a emagrecer, do que realmente gosta é de mudar as suas vidas.