Antes de começarmos o desafio de perder peso, devemos encontrar, de preferência com a ajuda de um nutricionista, as corretas razões que nos levaram a um eventual excesso. Sejam genéticas, comportamentais, emocionais ou alimentares, ou mesmo um pouco de todas elas, só ajustando de forma consistente as causas poderemos trabalhar e alcançar as soluções.
Na consulta de Nutrição, identifico muitas vezes comportamentos alimentares e conjugações de alimentos que as pessoas julgam corretas, mas que na prática não ajudam a encontrar o equilíbrio de peso e saúde pretendido. Ou seja, embora exista cada vez mais informação sobre alimentação e saúde, o que acontece na prática é que às vezes este excesso de informação confunde e prejudica o foco numa abordagem global e consistente, rumo ao equilíbrio de saúde e também de peso.
O excesso de peso em Portugal ultrapassa já os 50% da população adulta e, ao contrário do expectável, não tem vindo a diminuir de forma consistente. Há que fazer mais ao nível da educação alimentar, e depois no enquadramento de regras alimentares com o dia-a-dia de cada pessoa, encontrando formas fáceis e práticas que permitam que os novos hábitos alimentares criados sejam aplicados de forma duradoura.
Mas cabe também ao nutricionista identificar se há necessidade efectiva de corrigir o peso, pois a perda de peso só deve ser efectuada e recomendada quando, de facto, este excesso de peso existe. Para além do peso, sabemos que o risco de saúde existe em fatores como níveis elevados de colesterol, eventuais açúcares desequilibrados, hipertensão, apneia de sono e tantas outras complicações associadas ao peso elevado. Assim, todos estes fatores devem ser ponderados e levados em conta quando levamos a cabo um processo de perda de peso. Daí ser importante relevar que emagrecer é muito mais do que apenas perder peso.
A perda de peso só por si não assegura a correção ou melhoria de outros fatores de risco. Daí o papel do nutricionista, sempre que se queira, de forma equilibrada e saudável, perder peso. Encontrar as corretas fontes de motivação, que alimentos conjugar corretamente, e desmistificar alguns mitos sobre os quais em geral todas as pessoas têm dúvidas, é o princípio de uma mudança de hábitos e comportamentos que aumentam não só a probabilidade de sucesso na perda de peso, como a manutenção a médio e longo prazo dos resultados alcançados. Estima-se que, a nível mundial, apenas 5% das pessoas que perdem mais de 10% do seu peso inicial, passados apenas um ano, o consigam manter! Ou seja, 95% das pessoas que iniciam uma perda de peso, e emagrecem, voltam a recuperar o peso e muitas vezes acima do peso original!
Sabemos também que o nosso peso corporal é constituído essencialmente por água, músculo, gordura e tecido ósseo. Quando apenas emagrecemos, só estamos a focar na diferença de quilos que a balança nos indica e sabemos que muito mais importante é a qualidade do peso que é efectivamente perdido, devendo ser essencialmente gordura e eventual retenção de líquidos, preservando ao máximo os outros tecidos, nomeadamente o muscular. Ou seja, de nada importa emagrecer se a perda de peso não for feita de forma correta, duradoura, saudável, e que permita preservar o tecido muscular, ao mesmo tempo que se criam novos hábitos alimentares e exercício físico (p.ex. caminhadas) que permitam emagrecer de forma duradoura, preservando e optimizando sempre a saúde ao longo de todo o processo.
Como resumo: fuja de soluções rápidas e milagrosas, e procure, isso sim, encontrar a melhor solução para si: que ajude a melhorar cada ponto da sua saúde física e emocional. Aumente a sua informação sobre alimentação saudável mas, mais que tudo, que seja adequada e focada em si. Só assim permitirá que a perda de quilos seja correspondente a um enorme ganho em saúde e em hábitos saudáveis que serão duradouros no tempo.
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