Quando referimos os problemas na sexualidade, por norma, a primeira imagem é a do medicamento Viagra - para a disfunção erétil masculina, aprovado em 1998, como solução do problema para alguns homens. Mas as mulheres, que eram as suas parceiras, foram excluídas nesta revolução, continuando a ser um tema tabu para muitas.

As disfunções sexuais femininas afectam 43% das mulheres mas esta continua a ser das questões médicas mais sub-diagnosticadas.

Podem ter diferentes classificações, mas a mais generalista inclui: falta de desejo sexual, incapacidade de ficar excitado, dificuldade ou ausência de orgasmo e dispareunia (relação sexual dolorosa).
A medicina sexual feminina deve fazer parte da abordagem médica do século XXI e a Medicina Anti-Aging procura isso mesmo. Oferecer respostas a mulheres como tu no re-equilíbrio hormonal de forma a promover o bem-estar sexual, quer tenhas 20, 30 ou 60 anos.
Da minha experiência clínica há, muitas vezes, uma grande desconexão entre a forma como a mulher se sente em relação à sua sexualidade e o que verdadeiramente ela conversa com o seu médico numa típica consulta.

Medicina Anti-Aging, poderosa ferramenta

É um facto, ela procura proporcionar às mulheres as ferramentas que lhe permitem retomar o controlo da sua sexualidade. A disfunção sexual em mulheres pode resultar de variadas condições médicas, como diabetes, distúrbios nervosos, doenças cardíacas, ou desequilíbrios hormonais. Stress, ansiedade relacionada com o trabalho, medicação, afectam a forma como homens e mulheres se vêem no sexo.
A Medicina Anti-Aging procura atrair pessoas de todas as idades, podendo dar resposta às necessidades de cada um na passagem pelas diferentes fases de vida.
O pós-parto, os desequilíbrios menstruais na puberdade, a acne na vida adulta, a menopausa (e pré-menopausa), a dificuldade em gerir o peso a partir dos 40 anos são etapas na vida da mulher com impacto na forma como ela vive a sua sexualidade e os seus relacionamentos.

As mulheres (e homens!) devem encarar o sexo e as disfunções sexuais como uma questão de qualidade de vida e não apenas um problema de saúde.

Muitas são as soluções e factores que afectam a tua sexualidade. A alimentação afecta o teu desejo sexual. Sim! Há alimentos que afectam directamente a libido, positiva ou negativamente, bem como suplementos (não percas o meu próximo artigo) que podem beneficiar aqueles que procuram melhorar o desejo e intimidade sexual.
Com que frequência falas com o teu médico sobre a tua vida sexual?
Infelizmente, a resposta pode ser: não com a frequência devida! Muitas vezes o assunto é deixado como secundário, mas deves assumir o teu poder para recuperares o bem-estar.

Falar é preciso

Um relatório com o nome "O que não falamos quando não falamos sobre sexo", revela as deficiências na comunicação médico-paciente em torno de questões sexuais e examina as barreiras que podem estar a limitar o diálogo numa avaliação típica do problema e na saúde geral da mulher. Vários são os aspetos da sexualidade feminina que não são rotineiramente abordados.
Enquanto médica Anti-Aging, muitos dos meus pacientes dizem que eu sou a primeira médica a conversar com eles sobre questões sexuais.
A sexualidade é uma componente chave da tua saúde física e psicológica. Simplesmente perguntar se é sexualmente activa não nos diz absolutamente nada sobre aquela pessoa, pelo que não nos permite ter noções como resolver quadros como infertilidade, baixa auto-estima, depressão, insónia, e outros.

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Estudos recentes estimam que cerca de um terço das mulheres jovens e de meia-idade e, cerca de metade das mulheres mais velhas, experimentam algum tipo de problema sexual, como baixo desejo, dor durante a relação sexual ou falta de prazer. Para além de um problema de saúde, assume-se um problema ainda de maior alcance.

Não sofras em silêncio

Para além de relacionamentos tensos, muitas mulheres experimentam preocupação, vergonha, culpa e sentimentos de isolamento. Muitas mulheres estão a sofrer em silêncio. E isso não é liberdade... Para muitas mulheres, que enfrentam um problema sexual, a causa subjacente pode ser o tratamento de um problema de saúde.
Medicamentos regularmente prescritos para a depressão podem ter um efeito negativo sobre a função sexual em algumas mulheres.
Se fores capacitada de reconhecer esses efeitos secundários esperados, será mais fácil tolerá-los.

  • #Desejo sexual: Lidar com as diferenças Diferenças na libido são comuns entre casais de todas as idades. Estes podem ficar presos num padrão em que uma pessoa inicia o contacto enquanto a outra evita isso. Se costumas evitar principalmente o sexo, considera que talvez exista algo que devas tomar consciência. Conversares com o teu parceiro sobre o que precisas é obrigatório! Se estás preocupada em ferir os seus sentimentos, fala sobre a tua experiência usando declarações do tipo "eu", "Acho que meu corpo responde melhor quando ...". Tenta entender as necessidades e desejos do teu parceiro. Juntos, podem encontrar as soluções.
  • #Pílulas anticoncecionais e desejo sexual: o que a mulher deve saber Como diariamente observo nas minhas consultas, muitas são as pacientes que sentem o efeito negativo da pílula na libido! A perda de desejo sexual "não está na cabeça de uma mulher!". Um estudo de 2006 do Journal of Sexual Medicine confirma que as pílulas anticoncepcionais diminuem significativamente os níveis circulantes de testosterona, uma das hormonas que está fortemente associada ao óptimo funcionamento sexual. Efeitos? Diminuição do interesse sexual, a excitação sexual, o início da atividade sexual e também perda de prazer. As pílulas anticoncepcionais são compostas de potentes estrogénios sintéticos (por exemplo, etinilestradiol) e progestinas sintéticas que diminuem os níveis das hormonas folículo-estimulantes (FSH) e hormona luteínica (LH), duas hormonas hipofisárias.
    Isso resulta na supressão metabólica da função dos teus ovários, incluindo tanto a supressão da ovulação quanto a produção de testosterona!
    Além disso, a pílula também causa um aumento acentuado na produção de globulina de ligação a hormonas sexuais (SHBG) no fígado. Quanto mais altos os níveis de SHBG, mais hormonas estarão “ligadas” e indisponíveis para efeitos biológicos nos tecidos.
    Estudos revelam que os níveis de SHBG eram quatro vezes maiores (!) em mulheres que tomam a pílula.
    O que significa? Que se tomares a pílula, embora o teu corpo continue a produzir testosterona, ela não estará disponível, como no caso de estimular o teu impulso sexual. É importante que os médicos prescrevam contraceptivos orais de acordo com as necessidades de cada pessoa. Potenciais efeitos colaterais sexuais, como diminuição do desejo e da excitação, diminuição da lubrificação e aumento da dor sexual não devem ser atribuídos a apenas a causas psicológicas.
  • #Sexual empowerment: Assume o teu poder feminino A baixa libido é um problema que afecta uma grande parte das pessoas, embora continue a ser uma questão difícil de abordar junto de um profissional de saúde. A Saúde Sexual Feminina não é apenas um exame ginecológico com o rastreio do papanicolau ou exame mamário.
    Quadros como a menopausa e perimenopausa (que em alguns casos começa aos 30 anos!) têm um impacto na felicidade e saúde das mulheres. E não, não são fases sem soluções. Muito pode ser feito. Quando as mulheres se sentem bem consigo mesmas, os seus parceiros vão ser mais felizes e saudáveis. É uma vitória. Win-win.
    Enquanto médica e mulher procuro transformar esta ideia na saúde sexual das minhas pacientes. A energia feminina deve estar equilibrada e cuidada. A própria Terra é feminina. Permite-te ser cuidada e livre como a própria Mãe-Terra deve ser.

Andreia de Almeida é médica especializada em anti-aging e membro da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e da American Academy of Anti Aging Medicine (A4M)