Será que faz sentido seguirmos esta tendência, que desde sempre foi praticada de forma natural, ou devemos seguir uma das vantagens da sociedade moderna, de ter tudo sempre disponível em qualquer época?

Sigo e recomendo sempre uma das regras que considero bases de uma alimentação saudável e sustentada: a variedade alimentar! Sempre que surge uma nova tendência alimentar ou dieta da moda, verifico se cumpre este critério: inclui alimentos variados e diversificados? Ou simplesmente exclui alguns alimentos?

Desde sempre, a alimentação esteve condicionada à disponibilidade alimentar da altura do ano em causa, mas actualmente conseguimos ter alimentos durante qualquer época, à nossa vontade. Não quero dizer com isto que sejam nutricionalmente tão ricos como na sua época específica, mas é um facto que hoje em dia temos acesso a tudo e sempre que a nossa vontade e disponibilidade económica permitam.

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Mas voltando à alimentação do outono: que alimentos existem e são característicos desta época? De facto, são muitos. Destaco alguns: as maçãs, as peras, as tangerinas, as romãs, os marmelos e as castanhas, mas também a abóbora, o espinafre, o repolho, a batata doce e tantos outros que enriquecem a nossa cultura alimentar e paladar mais apurado neste dias frescos que se iniciam.

Se olharmos às suas características nutricionais, verificamos que são diversas e se complementam com as fibras, o ferro, os carotenos, a vitamina C e tantos outros com funções reguladoras, antioxidantes e protectoras da nossa saúde. Se variarmos a escolha alimentar ao longo do ano, vamos tendo acesso a estes nutrientes de forma faseada, constante e alternada, assegurando desde logo um maior equilíbrio alimentar e com paladares mais saborosos e intensos.

É este um dos principais benefícios de variarmos a nossa alimentação de acordo com os produtos da época e a grande mais-valia de os escolhermos de forma ajustada aos nossos gostos e necessidades. Ao intercalar alimentos, intercalamos nutrientes, solidificamos a nossa saúde.

O tempo mais fresco também obriga a mais energia despendida no processo de regulação da temperatura corporal, daí podermo-nos “esticar” com preparados alimentares e métodos de confecção mais generosos e mais calóricos, pois será despendido desta forma. Mas importa sempre lembrar que alimentação boa não significa alimentação exagerada, nem mais abundante, do que as nossas reais necessidades. É neste equilíbrio que podemos e devemos aproveitar os alimentos de outono e desfrutar da mais-valia dos alimentos desta época de renovação.

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Com as temperaturas a ajustarem-se, ajuste também as bases do seu equilíbrio alimentar e de vitalidade. Crie novas rotinas, como caminhadas ou pequenos exercícios regulares, comece por alternar alimentos e introduza os desta época, mude o seu pequeno-almoço e experimente a cevada, antes de se deitar crie o ritual de preparar um chá, como a cidreira ou a lucia-lima, leve duas tangerinas para o seu meio da manhã e crie uma nova rotina.

Evoluir nas regras alimentares e experimentar estas novas rotinas traz-nos também um crescimento interior, onde a nossa saúde é a base para novos propósitos. Faça do outono a estação que começa verdadeiramente a cuidar de si.

Tenho visto na minha prática clínica que pessoas que iniciam o seu processo de emagrecimento nesta fase do ano, e criam novos hábitos de vida, os conseguem manter mais tempo e de forma mais consistente. Encontre-se com o seu nutricionista e redescubra os alimentos que vão fazer deste outono o ponto de partida para uma vida mais equilibrada.

Pedro Queiroz é o fundador das Clínicas de Nutrição do Porto e Lisboa e consultor de Nutrição. Mais do que ajudar pessoas a emagrecer, do que realmente gosta é de mudar as suas vidas.