Essa cliente disse que tinha ponderado muito, que nos últimos tempos já não comia carne e produtos de origem animal, mas que queria ajuda para assegurar que esta decisão era compatível com a sua saúde. Perguntei-lhe o porquê desta decisão. Seria esta a melhor altura? Mas ela estava decidida. Queria ser vegetariana!

Num ano de tantas mudanças, ansiedades e desafios, não vejo que cortes abruptos na alimentação devam ser incentivados e procuro assegurar que a saúde nunca será afectada. Há que fazer análises sanguíneas, verificar que os níveis de vitamina B12 estão robustos, não existem anemias nem dificuldades nas defesas do organismo. Ou seja, que estamos de plena saúde para que este tipo de mudanças, que deve ser sempre monitorizado, jamais ponha em risco a saúde. Só então devemos começar a ajustar a alimentação para este novo regime.

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Deve ser um ajuste passo a passo, até porque pode desequilibrar o organismo se não forem tomadas as devidas precauções. Do meu ponto de vista, um regime muito extremista pode ter consequências sérias e muito negativas. Defendo sempre o equilíbrio e uma das regras-base da alimentação é a diversidade alimentar. É isto que defendo em qualquer plano de saúde e alimentar que recomendo, e procuro criar hábitos, rotinas que nos aproximem desse equilíbrio alimentar máximo e, com ele, níveis máximos de saúde.

Mas para quem quer mesmo iniciar este tipo de padrão alimentar, sugiro que o faça só depois de conhecer em pleno as regras de uma alimentação correcta e saudável. Uma alimentação onde se conjuguem alimentos ao longo do dia, de acordo com o nosso padrão de exercício e actividade, e também aos nossos gostos e possibilidades.

De nada interessa recomendar o melhor dos planos se ele não está ajustado ao dia-a-dia da pessoa em causa. E, sim, é verdade que não existem planos que todos podemos seguir. Naturalmente que os planos vegetarianos devem ser sempre individualizados, para evitar carências vitamínicas e assegurar a sua segurança.

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É um equilíbrio onde o seu nutricionista fará a diferença e permitirá encontrar o seu equilíbrio de saúde, acompanhando-a no decurso deste processo de mudança. Jamais tente ou procure iniciar este tipo de mudanças radicais de alimentação sem uma opinião, ou duas – para mais, devidamente informadas e que possam validar se esta decisão é realmente a melhor para si. Se sim, experimente passo a passo. Com equilíbrio, com maturidade, com informação e com a certeza de que este será mesmo o seu melhor caminho.

Tenho pessoas que iniciam estas mudanças alimentares depois de um choque de saúde pessoal, ou após viagens que mudam a sua forma de pensar o mundo. Mas, mais que tudo, se esta for a sua vontade, verifique que a faz da melhor forma: aquela que vai melhorar a sua saúde e tornar a sua vida mais fácil e saudável! Conte com o seu nutricionista para esse passo e também para ajudar a ver se é mesmo o melhor passo para si.

Porque todos os dias fazemos escolhas alimentares, importa que estas sejam as melhores para o nosso corpo, até porque só iremos ter este durante toda a nossa vida, que queremos que seja o mais saudável e alegre possível.

Lembre-se: mais que eliminar certos alimentos, a melhor regra será encontrar o equilibro certo para a sua saúde, onde os legumes, as hortícolas e as leguminosas possam estar presentes e em equilíbrio com os restantes alimentos que devem fazer parte da nossa alimentação diária. Seja saudável, varie a sua alimentação e tire o máximo prazer das melhores combinações alimentares. É assim que temos mais saúde!

Pedro Queiroz é o fundador das Clínicas de Nutrição do Porto e Lisboa e consultor de Nutrição. Mais do que ajudar pessoas a emagrecer, o que realmente gosta é de mudar as suas vidas.