Estes dias de reflexão e recolhimento inspiram-nos a repensar algumas áreas da nossa vida, a refletir sobre escolhas e a tomar decisões de futuro. A alimentação é sem dúvida uma destas áreas e enquanto numa primeira fase – com picos de incerteza, ansiedade e stress emocional – acabamos por descair em alguns desvios alimentares, aos poucos vamos repensando a forma como nos devemos alimentar e cuidar melhor de nós e dos nossos.
Algumas pessoas, seja por ideologia, questões de saúde, gosto pessoal ou disponibilidade de tempo, decidem mudar algumas áreas na vida. Uma das mais importantes é sem dúvida a alimentação: fazemos escolhas nessa área, para sermos mais saudáveis, acabando assim por decidir adoptar hábitos vegetarianos e testar a forma de conciliar este estilo de alimentação com uma nova abordagem de vida.
Julgo que esta época de grandes transformações impostas no nosso estilo de vida e hábitos diários não será a melhor fase para esta transformação. Existem alguns riscos em termos de adaptação alimentar, que deve ser sempre orientada por um nutricionista e sempre precedida de análises sanguíneas para assegurar compatibilidades e segurança nesta atitude.
Inúmeros estudos documentam e comprovam os benefícios do consumo de hortícolas, leguminosas e fruta, pelo que poderíamos pensar que a mudança alimentar para este tipo de regime não apresenta riscos – é um mito e importa esclarecê-lo. Sabemos que, se feita correctamente, uma dieta vegetariana oferece todos os nutrientes necessários para o correcto funcionamento do nosso organismo, embora na grande maioria dos casos sejam necessários cuidados redobrados nos níveis de ferro e vitamina B12.
Em muitos casos, a alimentação é como a Química: existem combinações de alimentos que ajudam – e outras que podem prejudicar – a absorção de certos nutrientes. É neste detalhe que importa conhecer e praticar minuciosamente, para que nunca existam carências nutricionais que numa primeira fase podem parecer insignificantes, mas que no longo prazo se revelarão muito prejudiciais à nossa saúde e equilíbrio. Daí que quando pensamos em restringir algum tipo de alimento, ou grupo de alimentos, possam existir a médio prazo consequências perigosas.
Para iniciar uma abordagem vegetariana, devemos sempre fazer um correcto diagnóstico das motivações, objectivos e necessidades de saúde, para a podermos justificar e recomendar. Na nossa prática clínica, recomendamos muitas regras deste tipo de dieta alimentar, mas complementadas e integradas num estilo de vida, de alimentação, exercício e equilíbrio mental, que possam assegurar o sucesso desta transição.
Aliás, verificam-se níveis de saúde aumentados e riscos cardiovasculares inflamatórios diminuídos quando se adopta um estilo de alimentação vegetariana equilibrada. Diversos estudos suportam e relacionam também esta prática alimentar com uma menor incidência de riscos oncológicos. Os benefícios são potencialmente muitos e existem evidências científicas que o suportam, mas existem outras tantas que alertam para o risco de graves consequências se não correctamente implementada.
Sugestão: avalie se esta será mesmo a altura certa para esta mudança. A minha recomendação é que vá lendo sobre o tema e, se tiver vontade de o praticar, consulte um bom nutricionista – agora online – para receber ajuda e acompanhamento neste desafio. Antes de mudar completamente, verifique se já come fruta em quantidade suficiente, se come sopa e hortícolas de forma regular, se hidrata correctamente o seu corpo. São muito mais importantes que uma mudança drástica, para que a sua saúde esteja sempre reforçada! Saiba tudo em nutricionista.com.
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