Pois é, minha querida, está na perimenopausa – foi com estas palavras que a minha ginecologista, que me segue há mais de 20 anos, confirmou aquilo que eu já desconfiava. Os meus dias de mulher capaz de gerar vida estão a caminho do fim. Não é que pense ter mais bebés, uma filha adolescente e um rapaz de oito anos, sempre foram o número perfeito de filhos para mim, mas constatar que sim, é mesmo verdade, os meus ovários estão a secar, confrontou-me com uma realidade enquanto mulher para a qual ainda não estava preparada para lidar. Ou pelo menos ouvir.

A perimenopausa e a menopausa são fases naturais na vida de uma mulher, marcadas por uma série de mudanças físicas, emocionais e hormonais. A perimenopausa, que pode começar na casa dos 40 anos, é o período que antecede a menopausa propriamente dita, caracterizada pela cessação definitiva do ciclo menstrual. Durante a perimenopausa, os níveis hormonais, especialmente os de estrogénio, começam a flutuar, resultando numa série de sintomas que podem afetar a qualidade de vida e a auto-estima da mulher.

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Os sintomas da perimenopausa e da menopausa variam de mulher para mulher, mas geralmente incluem ondas de calor, suores noturnos, alterações no padrão do sono, alterações de humor, fadiga, ganho de peso, diminuição da libido, secura vaginal e alterações na pele e nos cabelos. Esses sintomas podem ser desconfortáveis e até mesmo debilitantes para algumas mulheres, impactando significativamente a sua auto-estima e bem-estar emocional. Há já algum tempo que vinha a sentir muitos deles, sem um diagnóstico exato. Tinha feito exames e análises há menos de um ano e estava tudo bem, tudo isto foi muito rápido e novidade para mim.

A perimenopausa e a menopausa também representam um período de transição emocional e psicológica. Muitas mulheres enfrentam sentimentos de perda, especialmente em relação à sua juventude e fertilidade – e, sim, esta parte “bate”. Por mais que a pessoa saiba que é a vida a acontecer e que envelhecer é privilégio, a verdade é que tive ali, naquele momento, a constatação nua e crua de que já não vou para nova.

Frequentemente associada ao envelhecimento, a menopausa pode desencadear preocupações com a aparência física e a atração sexual, afetando a auto-imagem e a autoconfiança. No entanto, é importante reconhecer que a perimenopausa e a menopausa não são o fim, mas sim o início de um novo ciclo na vida de uma mulher. É uma fase de autodescoberta e de oportunidades de crescimento pessoal. À medida que as mulheres entram nessa nova etapa, muitas encontram um novo apreço por si mesmas e pelas suas conquistas ao longo da vida, podendo inclusive gerar sentimentos de liberdade e de empoderamento, sem as preocupações e limitações associadas à menstruação e à contraceção.

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E apesar de estar cientificamente provado que a menopausa reduz a libido, ela não significa o fim da sexualidade feminina. Embora as mudanças hormonais possam afetar o desejo e conforto sexual, muitas mulheres descobrem uma nova sensualidade e intimidade nos seus relacionamentos, à medida que se ajustam a estas mudanças. Com uma comunicação aberta e uma abordagem positiva em relação à sexualidade, é possível manter uma vida sexual satisfatória durante e após a menopausa.

Em última análise, a perimenopausa e a menopausa são parte integrante da jornada da vida de uma mulher. Embora possam trazer desafios, também oferecem a oportunidade de crescimento, auto-aceitação e uma nova perspectiva sobre o que significa ser uma mulher madura e plena. É um momento de reinvenção e renovação, marcado por uma profunda sabedoria e uma apreciação renovada pela beleza e poder da feminilidade em todas as suas formas. Quanto a mim, resta-me aguardar pelo diagnóstico das análises para comprovar aquilo que o meu corpo fisicamente já me mostra. Até lá, é saber lidar.

Por isso, perimenopausa, let’s do this!

Mafalda Santos fez das palavras profissão, tendo passado pelo jornalismo, assessoria de imprensa, marketing e media relations. Acredita em quebrar tabus e na educação para a diferença, temas que aborda duas vezes por mês, na Miranda, em #ÀFlorDaPele.