Se pensa que o seu gosto por chocolate deveria ser mais comedido saiba que 9 em cada 10 pessoas é um apreciador de chocolate e come chocolate com regularidade! É um número impressionante e de facto o chocolate é um alimento de gosto fácil, a questão, muitas vezes, é que passamos a gostar em demasia e por isso a comer em doses mais abundantes do que seria o ideal.

Mas será o chocolate realmente proibido na nossa alimentação? Causa habituação? Existirão benefícios no seu consumo? Qual a dose certa?

O cacau, fruto que dá origem ao chocolate, e o seu uso na produção de chocolate remontam à muitos séculos na américa do sul e a sua introdução na europa, na época dos descobrimentos muito fez para aperfeiçoar o seu paladar. De facto, a adição de açúcar para gerir o paladar naturalmente amargo do cacau veio trazer um sem número de novos apreciadores e foi o que tornou o consumo de chocolate tão universal. No seu fabrico é muitas vezes utilizado leite, frutos secos e outros alimentos ou ingredientes existindo assim diversos tipos de chocolate que são classificados de acordo com o seu teor em cacau. De facto a percentagem de cacau presente no chocolate determina a sua classificação em chocolate amargo (>= 70% cacau na sua composição) ou tradicional (acima de 25% de cacau). O vulgarmente chamado chocolate de leite significa que tem na sua composição este alimento mas muitas vezes à custa de menos teor de cacau e maior teor de açúcar pelo que o seu consumo deve ser mais comedido. O chocolate branco tem um diminuto teor de cacau para obter esta coloração e ao qual são adicionadas gorduras, muitas vezes de valor nutricional muito baixo, pelo que a limitação do seu uso deve ser a norma. Ou seja, se for apreciador de chocolate prefira habituar o seu paladar ao chocolate negro, mais escuro e com maior teor de cacau para minimizar níveis de açúcar e gorduras, colhendo os benefícios deste fruto (cacau) super interessante.

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Como nutricionista não me compete recomendar o uso regular e em grandes doses de chocolate mas o que se evidencia e tem sido amplamente estudado é que a inclusão de 1 quadrado de chocolate amargo na nossa alimentação parece ter alguns efeitos positivos devido às riquíssimas propriedades dos nutrientes presentes no cacau. Uma das substâncias presentes no cacau chama-se teobromina, que é um potente activador de certos receptores cerebrais que nos dão sensação de bem-estar e relaxamento físico e mental, induzem a satisfação e funcionam como um anti-depressivo natural, melhorando o nosso humor. Uma outra característica e beneficio do consumo de chocolate com elevado teor de cacau parece ser na redução da tensão arterial. Há evidência clínica que a ingestão baixas doses de chocolate negro ajudam a baixar níveis de tensão arterial, quer a sistólica (máxima) quer a diastólica (mínima). Na recuperação desportiva parece ter também algum papel pois a combinação pós-treino de leite com chocolate devido ao teor de caseína (proteína do leite) e efeitos positivos do chocolate aceleraria a recuperação muscular e de níveis de energia.

Mas julgo que o principal benefício vem mesmo do prazer que colhemos ao saborear um bom chocolate. Não esqueça que deve escolher um chocolate com elevado teor de cacau, até porque terá menos gordura e açucar. Os benefícios do seu consumo estarão mais salvaguardados mas, como em tudo, a moderação será regra. Lembre-se que o seu consumo regular pode criar adição e quase um vício. Procure guardar para ocasiões especiais, saboreando-o e não para substituir refeições. Partilhar será a regra! Saiba tudo em nutricionista.com

Pedro Queiroz é o fundador das Clínicas de Nutrição do Porto e Lisboa e consultor de Nutrição. Mais do que ajudar pessoas a emagrecer o que realmente gosta é de mudar as suas vidas.