Não sei quando foi que li na internet acerca da pomada Ketrel que, indicada para o acne, seria muito eficaz contra as rugas. Parece que o seu princípio activo principal é a tretinoína, uma forma de ácido retinóico, a.k.a. vitamina A — a vitamina que renova peles acneicas é a mesma que renova peles no geral. É óbvio. E se estas tiverem rugas, claro que irá beneficiá-las com mais firmeza e elasticidade. Quando li isto, senti-me o Indiana Jones a dar de caras com o mapa que o iria fazer encontrar a arca perdida da eterna juventude!

É claro que não há bela sem senão. Tudo o que li sobre o tratamento com a miraculosa pomada referia o quanto a pele poderia reagir negativamente. A aplicação deveria ser o mais vigiada possível, sempre de noite. Na manhã seguinte seria importante lavar bem o rosto e aplicar protetor solar factor 50 para proteger bem a pele e evitar queimaduras. Escusado será dizer que a estação do ano indicada para se praticar este “facial” é o Inverno. O próprio farmacêutico vendeu-me a pomada muito contrariado, enquanto me fazia questões sobre o uso da mesma. É claro que me dei ao respeito, dei-lhe o ar mais convicto de sempre e não dei espaço a questionamentos. Senti-me um verdadeiro delinquente a roubar a fórmula da juventude assim à descarada.

A primeira parte do plano do saque já estava cumprida. Agora só faltava pôr as mãos na massa. Fui ler a bula e não aprendi nada. O discurso está mesmo direcionado para quem sofre de acne, referindo até um tratamento de 12 semanas. Nem estava a pensar usar durante tanto tempo, confesso. Eis que me deparo com o prazo de validade da pomada, que acaba em dois meses — o farmacêutico, efectivamente, tramou-me!

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Se por um lado pensei em guardá-la para começar a usar no Inverno, por outro tive a pressão de começar imediatamente, já que não havia tempo a perder. Decidi pelo menos experimentar no pulso, para verificar se teria algum tipo de reacção na pele durante essa noite. Nada. No dia seguinte, tudo igual. E se nada tinha acontecido no pulso, porque não experimentar uma noite no rosto? Lá fui eu nessa viagem, sem nada temer, acordei igual e respirei de alívio. E talvez fosse melhor parar por ali. Nessa noite já voltei aos cremes de sempre.

Mas no dia seguinte lá voltei a ser assaltado pela pressão de ter na minha posse uma pomada cuja data de validade estava para breve. Só me custou € 4,24, mas mesmo assim detesto deitar dinheiro fora. Ela não iria durar até ao Inverno. E se experimentasse mais uma vez? Li alguns depoimentos em blogs, que aconselhavam a usar em noites alternadas, até a pele se habituar aos princípios activos da pomada. Mas também li que esse hábito podia ser conquistado aplicando duas noites seguidas por semana. Mais uma noite, portanto, mal não iria fazer. E assim foi.

Mais uma noite com a pomada posta e, na manhã seguinte, a pele continuava igual. E aí senti-me mesmo confiante. Tão confiante que decidi repetir o feito nessa noite até que… acordei com a pele visivelmente mais seca e vermelha. Isto para mim, momentaneamente, ainda foi um sentimento de conquista. Senti que finalmente a pomada tinha tido algum efeito visível. Pois que de tudo o que li, havia relatos de que a pele iria secar e “descascar” para se renovar. Mas rapidamente também me assaltou a sensação de ter mergulhado num buraco escuro: sentia a pele a repuxar, bastante seca, as rugas no contorno dos olhos ainda mais evidentes e todo um estado dérmico difícil de explicar… e de ver no reflexo do espelho! Ou a experiência tinha corrido muito mal ou então estava a correr muito bem! E o medo de correr muito mal começava a falar mais alto.

Safou-me um creme regenerador que a minha amável colega de trabalho me emprestou para acalmar e recuperar, e o bom do protetor solar que apliquei várias vezes ao dia. Mas os dias estavam a passar e a minha cara continuava naquele bolo. Toda esta odisseia estava a ficar digna de ser contada na Miranda, fosse para o bem ou para o pior. E como é que acham que tudo isto vai acabar?

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Porque vos quis enriquecer o enredo, pedi ajuda a um dermatologista que trabalha com medicina estética. A primeira coisa que me contou foi que todas as noites usa um creme à base de tretinoína. Isto, para mim, foi um grande alívio. O tão pouco que encontrei na internet sobre isto fez-me sentir que estava a pesquisar práticas ocultas e iniciáticas, e que um dermatologista jamais recomendaria usar esta pomada para outras finalidades que não o acne. Mas agora estava a conversar com um médico e ele próprio usava este princípio activo todas as noites para combater as rugas. Afinal, a tretinoína podia ser um hábito seguro. De repente, passei a pertencer a esse grupo secreto dos “tretinoístas”.

A segunda coisa que me disse foi que fiz tudo mal. Que, nitidamente, tinha aplicado vezes a mais e que deveria ter começado no inverno. Basicamente o que eu fiz podia ser considerado um peeling. Por isso, a pele seca e encarquilhada iria regenerar, explicou ele. No espaço de uma semana iria estar óptimo!

A verdade é que já passou quase uma semana e os resultados estão à vista. Continuei a usar o creme regenerador e o protetor solar (evitando ainda qualquer exposição solar excessiva) e uns dias depois comecei a ver a pele mais luminosa e mais firme. Não sei como explicar isto, mas a pele está mais agarrada ao rosto e pensava eu que mais do que já estava era impossível. Rugas? Ainda as há. Mas arriscaria a dizer que menos evidentes. Acredito que ainda esteja no processo de regeneração e que estes efeitos ainda melhorem nos próximos dias.

Não voltarei a estas aventuras tão cedo. Pelo menos até chegar o inverno. E nessa altura, prometo partilhar aqui o meu tratamento anti-rugas com a orientação do dermatologista “tretinoísta”.

Bruno Reis, colaborador da Miranda, é o fundador e diretor criativo da Teeorema, marca de T-shirts de luxo.

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