Toda a gente sabe que, para um gordo emagrecer, basta comer menos; e para um magro engordar, todos acham que basta comer mais. Mas não é bem assim.

Sempre tive complexos da minha magreza desde miúdo. Lembro-me de ir à praia e odiar tirar a roupa, deixar exposta a minha falta de carne, os ossos das costelas ficarem demasiado descobertos… sempre me senti frágil, pouco masculino, pouco desejável.

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A partir da adolescência, comecei várias experiências de me obrigar a comer mais, mas o meu metabolismo demasiado acelerado tornava estas tentativas inglórias. Contudo, sempre me senti confiante. Ter olhos azuis deve ter contribuído para compor a beleza Timothé Chalamet ou o charme DiCaprio, e apesar de a magreza me fragilizar a auto-estima, nunca a abalou por completo. Sei que falo do alto do meu privilégio em relação aos meus complexos com o corpo, pois aqui o trinca-espinhas até foi agenciado como modelo, mas talvez até tenha sido alguma réstia de confiança que me deu o temperamento e a determinação para não desistir de descobrir a receita para ficar um homem “popozudo”, “entroncado” e digno de capa de revista.

Então é assim:

A base de tudo é a actividade física. Bastou aumentar a frequência de exercício físico na minha vida e passei a comer com apetite. Fiz natação, fiz bootcamp, fiz HIIT, fiz crossfit, e a vontade de comer veio sozinha. Provavelmente os magros e as magras daqui vão-se identificar: fome e desejo de comer nunca foi algo que me impedisse de dormir ou me tirasse o foco de tarefas de trabalho. E, por outro lado, era normal comer sem fome.

Procurar comida nunca foi uma maneira de ser ou de estar. E tendo-me tornado vegetariano e mega.apologista de uma alimentação saudável, isso também não contribuía para, em momentos de fome, ingerir as gordices mais à mão, mais calóricas, cheias de açúcar e de gorduras. Mas quando passei a treinar com dedicação, três vezes por semana, passei a precisar de ingerir mais hidratos e proteínas, não só porque a fome e o apetite as reclamavam, mas também porque sentia necessidade de dar aos músculos maior força e resistência para o treino físico.

Depois de me aperceber do valor e importância do exercício físico regular na minha vida, e de o integrar no meu dia-a-dia, primeiro assumi o compromisso de o realizar cinco vezes por semana; e depois exigi que a alimentação estivesse ao mesmo nível. Durante bastante tempo, usei uma app onde apontava tudo o que comia durante o dia e que me permitia saber quantos mais hidratos ou quantas mais proteínas precisava. Foi aqui que tive plena noção de que, como vegetariano, andei a consumir muito pouca proteína todos estes anos. Recordo-me de eu próprio, com a ajuda da informação que reuni em sites de desporto, fazer os cálculos para determinar as quantidades de nutrientes que precisava. Tive imensa dificuldade em cumprir todos os dias com as proporções de comida, mas chegou uma altura em que consegui, e assim me mantive algum tempo.

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Até que chegou a frustração de não estar a ver resultados no que diz respeito a definição muscular. Tinha melhorado no geral, mas ainda não estava no nível desejado. Aqui, percebi que precisava de ajuda profissional. Se, por um lado, precisava de um nutricionista que entendesse o que afinal come um vegetariano, por outro precisava que esse mesmo nutricionista compreendesse as necessidades de um desportista e como o corpo constrói músculo. E assim tive a sorte de encontrar alguém que correspondia a este perfil e que me desenhou um plano baseado naquilo que gosto de comer e no que me alimenta regularmente.

Foi-me recomendado começar suplementação de vitamina B12, de Omega 3 e de creatina, que cumpri, e também passei a beber mais água. Esta fase ainda coincidiu com as minhas sessões de oxigenoterapia, que contribuíram para uma recuperação mais rápida e um suplemento extra de energia nos treinos. Estavam criadas as condições ideais para treinar com produtividade, com maior carga gradual, e fornecendo os músculos com a quantidade de alimento certo.

Foi assim que, desde que comecei os treinos regulares até me alimentar nas quantidades ideais, aumentei 10 kg. Tive de renovar o guarda-roupa, passando a vestir o 40, depois de largos anos estagnado no 36. É viciante sentir que tenho o poder de me fazer crescer, mesmo estando um pouco gordinho. Essa é a parte 2 desta história: como consegui deixar de me sentir gordinho e tonificar toda a musculatura do corpo. É para lá que caminhamos.

Além de secretamente estar a construir a sua própria marca de Moda (shhhh...), Bruno Reis é o responsável pelo Marketing e Comunicação de marcas de Beleza. Entre a criatividade e a estratégia, já foi actor, professor de yoga, gestor de redes sociais, fotógrafo e director de casting.